Espero poder atender, mesmo que parcialmente, todos aqueles que me enviaram e-mails querendo saber um pouco sobre a língua árabe.
Seria muita pretensão minha querer esgotar o assunto em tão poucas linhas que é até onde os meus conhecimentos, acrescidos de um pouco de pesquisa, podem chegar. Mas aí está:
A linguagem diz respeito a um sistema constituído por elementos que podem ser gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, que são usados para representar conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos. Nesta acepção, linguagem aproxima-se do conceito de língua.
Numa outra acepção, linguagem refere-se à função cerebral que permite a qualquer ser humano adquirir e utilizar uma língua.
Por extensão, chama-se linguagem de programação ao conjunto de códigos usados em computação.
O estudo da linguagem é chamado linguística, uma disciplina acadêmica introduzida por Ferdinand de Saussure, no início do século XX, e depois desenvolvida como ciência.
A língua árabe é uma língua do ramo semita da família hamito-semítica.
A língua árabe é uma língua do ramo semita da família hamito-semítica.
As expressões Árabe e Árabe clássico referem-se respectivamente, em geral, a "língua coloquial e língua clássica" (literalmente, a língua árabe pura) — que é, de acordo com os falantes do Árabe, tanto a língua dos meios de comunicação modernos no Norte de África e Oriente Médio -desde o Maghrb (Marrocos) até ao Iraq (Iraque)-, quanto a língua do Quran (Al corão). Engloba não apenas a televisão, rádio, jornais e revistas, mas também toda a matéria impressa, inclusive todos os livros, documentos de qualquer espécie e livros didáticos para crianças.
O termo "Árabe padrão moderno" é algumas vezes usado no Ocidente para se referir à linguagem atual, em oposição a da literatura clássica; Os árabes não fazem essa distinção, considerando ambas idênticas. A palavra "Árabe" também se refere aos vários dialetos nacionais e regionais, derivados do Árabe Clássico, falados atualmente no Norte da África e no Médio Oriente, e que por vezes diferem uns dos outros a ponto de se tornarem incompreensíveis entre si. Em geral, estes dialetos não são escritos, apesar de muitos deles possuírem uma certa quantidade de literatura (particularmente músicas e poesia) produzida especialmente no Líbano e no Egito (países árabes bastante ocidentalizados).
É, por vezes, difícil traduzir alguns conceitos islâmicos, ou conceitos próprios à cultura árabe, sem o uso da terminologia árabe. O Quran está escrito em árabe e os muçulmanos, por tradição, consideram impossível traduzi-lo de modo a refletir adequadamente sua significação exata - ou porque a tradução poderia trair o sentido original do texto ou, segundo alguns acadêmicos e religiosos islâmicos, porque a sua própria natureza sagrada torna impossível qualquer tradução (parcial ou por completo). De fato, até recentemente, algumas escolas de ideologia conservadora consideravam que ele não deveria ser traduzido de forma alguma. Uma lista de termos islâmicos em árabe apresenta muitos desses termos, demasiadamente específicos para que possam ser traduzidos numa frase. Ainda que o árabe esteja fortemente associado ao Islam (é a língua usada para se ler o Quran) a maior parte dos muçulmanos não o fala. É, também, a língua de muitos árabes cristãos, judeus orientais, e até mesmo de mandeístas iraquianos (O mandeísmo é uma religião pré-cristã classificada por estudiosos como gnóstica.
Os mandeístas ou mandeus são assim classificados devido à etimologia da palavra manda em mandeu: conhecimento, que é a mesma palavra gnosis em grego.
Os mandeístas ou mandeus são assim classificados devido à etimologia da palavra manda em mandeu: conhecimento, que é a mesma palavra gnosis em grego.
A língua espanhola é a língua europeia com um maior número de palavras de origem árabe, logo seguida da língua portuguesa. É comum dizer-se que todas as palavras da língua portuguesa começadas por "Al" têm origem árabe, o que não é, de todo, verdade, ainda que assim aconteça com uma grande parte delas;"As","Ar","Az","An","At","Ad","Ach",também são artigos que compõem uma série de palavras de origem árabe e fazem parte da língua portuguesa. Efetivamente, a língua portuguesa foi francamente enriquecida devido à passagem dos árabes pela península ibérica, especialmente nas áreas técnicas (artesanato, agricultura, etc.).
Algumas palavras da língua portuguesas de origem árabe:
Algoritmo, Oxalá, Alambique, Alicerce, Alarde, Berinjela, Alvará, Almôndega, Aldeia, Cenoura, Espinafre, Alecrim, Elixir, Alfafa, Fulano, Alfândega, Algarve, Garrafa, Algazarra, Argola, Javali, Álgebra, Algema, Girafa, Jarra, Alcaparra, Cânfora, Caravana, Alqueire, Califa, Alcachofra, Alface, Alfaiate, Alicate, Alfinete, Alfazema, Alquimia, Quilate, Álcool, Alcunha, Azul, Almeida, Almeirão, Armazém, Almanaque, Masmorra, Mesquinho, Almofada, Almoxarifado, Laranja, Anil, Café, Alcântara, Alcateia, Alcatrão, Alcova, Algodão, Rabeca, Refém, Recife, Arroba, Arroz, Açoite, Enxaqueca, Xarope, Xadrez, Acelga, Açude, Açúcar, Açougue, Açucena, Cifra, Zero, Tarifa, Tambor, Alaúde, Jasmim, Açafrão, Azar, Azeite, Azeitona, Azulejo.
Os numerais árabes são os mais utilizados na cultura ocidental (incluindo os países lusófonos) - mas, excetuando-se alguns países do norte da África, na atualidade, a maioria dos árabes utiliza os denominados numerais hindus.
O árabe é uma língua semítica, bastante aparentada com a língua aramaica sucessora da língua hebraica que foi extinta há 4.000 anos. Em muitos países árabes modernos, como o Egito, o Líbano e Marrocos, existem vários dialetos, mas todos utilizam o Árabe Clássico nos meios de comunicação em geral. Entretanto, é falado apenas em situações formais ou em nível acadêmico. Por consequência, outras variedades linguísticas vernaculares passam a cumprir as funções dos padrões linguísticos dos países ocidentais.
Dialetos
O "Árabe coloquial" é um termo coletivo aplicado a diversas línguas e dialetos do mundo árabe que, como já foi mencionado, difere radicalmente da língua literária. A primeira divisão linguística estabelece-se entre os dialetos do Maghrb (Marrocos) e os do Oriente Médio; seguido das diferenças entre os dialetos dos povos sedentários e os beduínos (muito mais conservadores). O Maltês, ainda que derivada do árabe, é considerada uma língua à parte. Os falantes de alguns destes dialetos são incapazes de conversar com os falantes de outro dileto árabe; efetivamente, os habitantes do Oriente Médio têm dificuldade em compreender os norte africanos (ainda que o contrário não aconteça, devido à popularidade do cinema e, em geral, da influência da mídia do Oriente Médio no Norte da África). Isto também é facilmente constatável entre as língua portuguesa e espanhola, onde os falantes da primeira compreendem facilmente os falantes da segunda mas, a recíproca não é verdadeira.
Um importante fator de diferenciação dos dialetos é a influência dos substratos linguísticos (ou seja, das línguas faladas previamente nos locais onde se passou a falar árabe), originando um número significativo de novas palavras, influenciando também, muitas vezes, a pronúncia e a ordem das palavras. Entretanto, um fator muito mais significativo para a maioria dos dialetos é, como entre as línguas românicas, a retenção (ou mudança de significado) de formas clássicas diferentes. Assim, "aku" no dialeto iraquiano, "fiih" no levantino e "kayen" no norte-africano significam "existir", e todos vêm do árabe ("iakuun", "fiihi", "kaa'in" respectivamente), mas agora soam muito diferentes.
Os principais grupos de falantes da língua árabe são:
Árabe maghrbino (marroquino)
Árabe andaluz (extinto)
Árabe egípcio
Árabe sudanês
Árabe levantino
Árabe iraquiano
Árabe do Golfo
Árabe Najdi
Árabe iemenita
Árabe andaluz (extinto)
Árabe egípcio
Árabe sudanês
Árabe levantino
Árabe iraquiano
Árabe do Golfo
Árabe Najdi
Árabe iemenita
Alfabeto
O Alfabeto árabe deriva da escrita Aramaica (existe uma polêmica, em nível acadêmico sobre a sua origem, Nabateia ou Siríaca), de um modo que pode ser comparado às semelhanças entre o Alfabeto copta ou o alfabeto cirílico e o alfabeto grego. Não existem as vogais "e" nem "o" na língua árabe. As consoantes "P" e "V" foram inventadas recentemente por pressões ocidentais. Tradicionalmente, existem algumas diferenças entre as versões ocidentais (maghrbinas) e orientais deste alfabeto. Nomeadamente, no Maghrb (Marrocos), o "fa" e o "qaf" têm um ponto em baixo e em cima, respectivamente. A ordem das letras é também sensivelmente diferente (pelo menos quando são utilizadas como numerais). Contudo, a variante do norte da África tem sido abandonada exceto para uso caligráfico no próprio Maghrb, mantendo-se nas escolas corânicas (azóias) da África ocidental. O árabe, tal como o hebraico, é escrito da direita para a esquerda.
Yussif Mar/06
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