Quero deixar claro que eu não discuto religião em redes sociais ou com pessoas que não sejam do meu convívio, exceção feita quando me pedem. Creio ser uma decisão pessoal que deve ser respeitada por todos e dizer também que não sou nenhuma autoridade no assunto "Islam" ou qualquer outra religião. Como Muslim (muçulmano), recebo, diariamente, inúmeros e-mails com questionamentos sobre a minha religião, assim como muitos outros assuntos pertencentes à cultura árabe; Os coleciono e, periodicamente, separo os assuntos muito questionados produzindo um resumo, com objetivo único de informação, com um texto simples e de fácil compreensão, não que eu coloque em dúvida o poder de discernimento das pessoas mas, pela complexidade dos assuntos que envolvem aspectos culturais, que nem sempre são de fácil compreensão para a cultura ocidental. Contudo, nós, muçulmanos aqui no Brasil, devemos ser imensamente gratos às autoridades religiosas que estão se empenhando nas traduções de importantíssimos livros, cujo teor é o esclarecimento da verdadeira essência do Islam e que lamentavelmente era deturpada tanto pela prática quanto pela informação, dando uma imagem distorcida da realidade islâmica principalmente em relação ao propagado pelo décimo sexto Profeta Issa Ibn Mariam (Jesus filho de Maria), posto que poucos sabem que o Islam foi e é, um grande disseminador dos ensinamentos deixados por Issa Ibn Mariam, sem contudo aceitar que seja filho de Deus ou que tenha qualquer tipo de divindade, foi "apenas" mais um dos profetas dentre tantos.
A Religião
– Sem dúvida, todo ser tende a se inclinar para os de sua origem, sem deixar de relacionar-se, em seu meio-ambiente, com os outros, em todas as suas atividades: no comer e beber; na inércia e na atividade; no dormir e no despertar e, ao mesmo tempo em que esses fatores podem determinar afastamentos, podem também constituir elos que mantêm uma sólida união entre si.
Com base nessa realidade, o homem se vê compelido a viver dentro de limites e normas de mútuo respeito, e isto é compreensível sob o ponto de vista da lógica, eis que o ser humano persegue, sempre, a felicidade para a sua vida, buscando, em sua natural ambição, a realização de todos os seus desejos para a sua conservação e sobrevivência.
Partindo deste ponto de vista, o homem organizou suas atividades em conformidade com leis e normas por ele mesmo criadas ou adaptadas de outros. Daí, vemo-lo adotar uma maneira própria de vida, esforçando-se para satisfazer as suas necessidades, pois as considera essenciais para a sobrevivência.
Busca, no alimento e na água a satisfação da fome e da sede, pois a comida e a água são duas necessidades primordiais para a continuidade da vida.
Essas normas que regem a vida do homem, constituem o princípio fundamental que forma a base de seu relacionamento. Assim é que ele vê a vida e o Universo, do qual sem dúvida faz parte. Assim é que se lhe afigura esta verdade, igualmente vista por seu semelhante, relativamente à vida e ao mundo.
Sem emitir conceitos de valores, os que resumem a existência a um mundo materialista, consideram o homem apenas como um ser vegetativo (vive porque a vida pulsa em seu corpo e acaba com a morte).
Neste ponto de vista, puramente materialista, procuram realizar as suas necessidades materiais e se esforçam nessa senda, dentro de suas possibilidades, para a obtenção de oportunidades que satisfaçam seus anseios e interesses particulares.
Mas aqueles que acreditam que o mundo é criação de um Ente Superior, como os que adotam os símbolos das imagens... para estes, a fé de que o criador é O único que lhes dá a graça da vida, e assim programam a sua existência de acordo com os ensinamentos do Criador, afasta-os de Sua ira e de Seu castigo. Portanto, fazendo-se dignos das bênçãos de Deus, terão, sempre, a Sua graça. E quando esta se afasta deles, será um sinal de Seu descontentamento.
Há os que acreditam que Deus é único e consideram eterna a vida do homem e que ele é responsável por seus próprios atos, sejam bons ou maus, e acreditam no Dia do Juízo Final, tal como os Zoroastros, os Judeus, os Cristãos e os Muçulmanos, e adotaram um modo de vida fiel a este princípio, para alcançarem a felicidade nesta vida e na Eternidade após a morte.
A soma dessas crenças e princípios (a crença na verdade do homem e do Universo) e no que se lhe necessita de leis codificadas e normas organizadas, no tocante de suas atitudes e práticas na vida, chama-se de “Al-Mazhab”, ou seja, “A Seita”, tais como a seita dos Xiitas e a seita dos Sunitas no Islam, ou, a seita dos Melkitas e dos Nestorianos no Cristianismo.
Com base nas colocações acima, torna-se impossível ao homem (mesmo que negue a existência de Deus) não necessitar de uma religião (código de vida, embasada em princípios convictos). Portanto, a religião é norma da vida, que dela não se separa.
O Quran (Alcorão) mostra que o homem, sem dúvida, deve tomar a religião como um caminho e um comportamento para ele, e este caminho foi instituido por Deus para toda a humanidade e, quando trilhado, chega-se até Ele.
Entretanto, esta questão se distingue de indivíduo para indivíduo, e aqueles que seguiram uma religião permaneceram no caminho certo porém, os que se desviaram desse caminho, se perderam em erro evidente.
Acho importante ressaltar que, até hoje, não encontrei um único discurso ateísta que se sustentasse em si mesmo, ou seja, quando se direcionam os diálogos para a criação do universo, o ateu costuma recorrer às "leis naturais" da física, da química para explicar alguns acontecimentos referindo-se a uma "energia" uma "força natural" uma "consequência natural" responsável pela criação disto ou daquilo, que os não ateus preferem denominar “Al-Mazhab” (leis codificadas e normas organizadas) "Seita", Religião", "Deus", seja qual for a interpretação que mais lhe agradar. Portanto, para mim, sempre cremos em "algo" e esta crença que traduzo como o seguimento destas regras “Al-Mazhab” pode ser interpretada como religião.
O Islam
– É uma expressão e é um comando para seguir os mandamentos do Imperativo (Deus) “Al-Mazhab” sem oposição... e o Quran qualificou a palavra Islam nessa missão, de forma global, de que o ser humano deve se submeter às regras que regem o Universo “Al-Mazhab”, e jamais adorar senão a um Deus Uno e Único, e somente seguir os "Seus mandamentos".
O Quran nos informa de que Abraão “O Escolhido”, foi o primeiro que denominou esta religião por Islam e seus seguidores por Muslim (muçulmanos).
Xiat ou Xiismo, significa "seguimento", "continuidade" e, são xiitas aqueles que admitem que a sucessão (califado) depois do Profeta Muhammad é transmitida a seus descendentes provenientes de “Ahil Al-Bait”, isto é, da linhagem de sua filha Fátima “Azzahra” e seu marido o Imam Ali Ibn Abi Talib os quais são os primórdios nos conhecimentos islâmicos. Portanto o xiismo é um segmento islâmico baseado em uma genealogia religiosa que estabelece que a seita xiita não sofreu nenhuma ramificação durante o tempo dos três primeiros Imames: Ali, Al-Hassan e Al-Hussain porém, depois do martírio do terceiro Imam Al-Hussain, seu filho Ali "Al-Sajjad" foi reconhecido para o Imamnato pela maioria dos xiitas.
Só para constar não sou xiita e sim sunita. Sunita é um segmento do Islam onde são seguidos os "preceitos das sunas (escritos não fundamentalistas)" do Islam e não literalmente o que foi escrito.
Yussif - Março/2006
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