segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Entendendo a Faixa de Gaza

Situada no Oriente Médio, a sudeste do Mar Mediterrâneo, tem quarenta e cinco quilômetros de comprimento e dez quilômetros de largura, sendo limitada ao norte e a leste por Israel e ao sul pelo Egito. Gaza é o nome da maior cidade do território e dá nome à região denominada “Faixa de Gaza”. Era uma das cinco principais cidades dos Filisteus, e é muito antiga, havendo vestígios arqueológicos de sua fundação com mais de cinco mil anos. Consta que foi cenário de algumas façanhas do famoso Sansão que ali morreu. Em 333 a.C. foi tomada por Alexandre, O Grande e mais tarde pelos romanos. A Faixa de Gaza é um território árido e mais densamente povoado do planeta, com uma população estimada, em julho de 2008, em 1,5 milhões de habitantes para uma área total de 360 quilômetros quadrados e palco de conflitos entre facções de palestinos e de ataques israelenses. A Faixa de Gaza é uma região costeira, desprovida de recursos naturais. Sofre uma escassez crônica de água e quase não tem indústria. Oitenta por cento da população depende de ajuda internacional para sobreviver. Segundo dados oficiais palestinos, mais da metade dos habitantes vive abaixo da linha da pobreza e ao menos 40% da população ativa não tem emprego.
Além dos palestinos, a Faixa de Gaza já abrigou também cerca de oito mil colonos judeus, retirados, juntamente com o exército israelense, em 2005. Do total de habitantes da região, 33% vivem em acampamentos de refugiados patrocinados pela Organização das Nações Unidas (ONU). São pessoas que se mudaram para o território devido à expulsão de suas casas durante a guerra árabe-israelense de 1948.

O território não é reconhecido internacionalmente como pertencente a um país soberano. Depois da retirada do exército israelense, ocorreram eleições parlamentares em 2006, vencidas pelo Hamas (Acrônimo em árabe para Movimento de Resistência Islâmica), organização, portanto, religiosa, fundamentalista, apoiada pelo Irã, Estado Islâmico e não árabe, adepto ao Jihadismo, cujo objetivo é a guerra santa em nome do Islam e a destruição do Estado de Israel, cuja existência não é reconhecida por ele. A organização radical, apoiada pelo Irã, venceu o Fatah (Organização política e militar fundada por Yasser Arafat e Khalil Al Wazir, grupo que comanda a Autoridade Nacional Palestina (ANP), criada para administrar os territórios palestinos até a criação do Estado que aquele povo reivindica. O movimento reconheceu a existência do Estado de Israel e ganhou aceitação internacional. O Fatah é ligado ao grupo Brigada de Al Aqsa, composto por grupos autônomos disseminados pelos territórios palestinos.

Em 2007, após uma semana de combates violentos, a Faixa de Gaza passou a ser dominada exclusivamente pelo Hamas, que derrotou as forças de segurança fiéis ao Fatah.

Desde então, ocorreram vários conflitos entre Hamas e Fatah, com registro de centenas de mortos. As duas organizações chegaram a formar vários acordos que, no entanto, não duraram muito tempo. Novos conflitos ocorreram na Faixa de Gaza e a tensão aumentou no final de 2008, quando Israel passou a bombardear alvos na região e a invadiu, sob a alegação de que o Hamas recomeçara o lançamento de mísseis sobre seu território.



Raízes do conflito

A guerra na Faixa de Gaza faz parte de um contexto maior, o conflito árabe-israelense, cujas raízes remontam aos fins do século XIX com a criação do Movimento Sionista, quando colonos judeus começaram a migrar para o local com o objetivo de tomar posse do território do Estado da Palestina.

Falastin era a região compreendida na atual
Cisjordânia, da Jordânia ocidental, sul da Síria e sul do Líbano, portanto, reduto árabe desde antes de Abrão declarar, por inspiração Divina, que ali seria a terra prometida, no entanto, o povo judeu viveu, consensualmente, na Palestina durante mais de mil anos, até ser expulso pelos romanos no ano 70 a.C..

Em 1897, após a fundação do Movimento Sionista, ficou decidido que os judeus se instalariam na região e fariam de Jerusalém a capital de um território judeu. Imediatamente teve início a migração para a Palestina. Nesta época, a área pertencia ao Império Otomano onde viviam mais de 500 mil árabes. Em 1903 já eram 25 mil judeus vivendo entre os árabes. Em 1914, quando começou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) os judeus eram mais de 60 mil. O Movimento Sionista se intensificou após a Segunda Guerra Mundial, tendo registrado a presença de 600 mil judeus na Palestina, quando foi aprovada pela ONU, em 1948, tendo como presidente o brasileiro Osvando Luís Aranha, a partição do Estado Palestino em um "estado duplo", um árabe e um judeu, marcando Jerusalém como "enclave internacional". A criação do Estado de Israel gerou novos conflitos com países árabes vizinhos pois, demarcado o território judeu, a ONU deu as costas ao esfacelado Estado Palestino que depois de mais de seis décadas não consegue estabelecer as suas linhas de fronteiras e expulsar os judeus das áreas ocupadas, além da estabelecida pela ONU.

Grandes datas que marcaram o conflito desde o nascimento do Estado de Israel, em 1948:

* 1948: O Estado de Israel é criado em uma parte do Estado da Palestina no dia 14 de maio. No dia seguinte à declaração de independência, os países árabes vizinhos ao recém-criado Estado começam uma invasão simultânea, que é combatida pelas defesas israelenses em 1949. Cerca de 70.000 palestinos deixam Israel em direção aos países árabes da fronteira.

* 1950: É criada a "Linha de Armistício" que delimita a fronteira da Faixa de Gaza com o recém criado Território de Israel. O isolamento de Gaza divide o povo palestino em duas regiões, não-contínuas, que vê ruir o anseio da criação de um Estado Palestino.

* 1956: A nacionalização do canal de Suez pelo Egito leva ao início da segunda guerra árabe-israelense. Israel recebe o apoio da Inglaterra e França, mas a União Soviética e os Estados Unidos obrigam as tropas inglesas e francesas a se retirarem do local.

* 1967: Começa a terceira guerra árabe-israelense, que ficou conhecida como a Guerra dos Seis Dias. Israel invade o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as colinas do Golan.

* 1973: Os Estados árabes, durante o Yom Kipur, mais importante feriado religioso judaico, tentam retomar as áreas invadidas, mas são repelidos por Israel: é a guerra do Yom Kipur, em outubro.

* 1978: O primeiro-ministro israelense Menahem Begin e o presidente egípcio Anuar Al Sadat ratificam, em Washington, os acordos de Camp David, que servem de base para a assinatura, seis meses depois, em 1979, do tratado de paz entre os dois países, o primeiro firmado entre Israel e um país árabe.

* 1981: Anwar Al Sadat é assassinado em um desfile militar no Cairo por militância política contrária ao acordo firmado com Israel.

* 1982: O Exército israelense invade o Líbano e expulsa de Beirute a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de Yasser Arafat. As tropas israelenses ocuparam o sul do país até sua retirada em 2000. Em 2006, outra ofensiva foi lançada, por Israel, sobre o território libanês.

* 1986: Um antigo técnico nuclear israelense, Mordeshai Vanunu, revela que seu país possui a bomba atômica, informação nunca desmentida ou confirmada por Israel. Especialistas estimam que o Estado judaico dispõe entre 80 e 200 ogivas nucleares.

* 1987: Os palestinos dos territórios ocupados se rebelam e dão início à primeira Intifada (Revolta).

* 1993: Israel e a OLP assinam em Washington uma "declaração de princípios" para estabelecer uma autonomia Palestina transitória de cinco anos. É o primeiro acordo de paz entre Israel e a Palestina, ratificado pelo histórico aperto de mãos entre Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin (assassinado em 1995).

* 1995: É assassinado, em Tel Aviv, por um militante judeu, o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin.

* 1998: São firmados acordos provisórios de Wye Plantation (Estados Unidos), que preveem a retirada israelense de zonas rurais da Cisjordânia em três fases.

* 2000: Em setembro, tem início a segunda Intifada, em meio a uma rodada de discussões entre israelenses e palestinos em Camp David, Estados Unidos.

* 2002: Israel levanta um muro de separação com a Cisjordânia para impedir o trânsito dos palestinos.

* 2005: Pressionado pela opinião internacional Israel deixa a Faixa de Gaza e retira mais de 8.000 israelenses assentados em 21 colônias na tentativa de incorporar o território. Apesar da saída, Israel manteve o controle do espaço aéreo, das águas territoriais, do tráfego de mercadorias e do movimento da população. O único ponto de acesso a Gaza que escapa ao controle israelense é o terminal de Rafah, na fronteira com o Egito, mas o governo egípcio o mantém na maior parte do tempo fechado.

* 2007: O grupo radical islâmico Hamas expulsa o Fatah, do presidente Mahmud Abbas, da Faixa de Gaza, assumindo o controle do território. Em resposta, Israel impõe bloqueio comercial aéreo, terrestre e marítimo à Faixa de Gaza.


* 2008: (27 de dezembro) Israel coloca em prática a "Operação Chumbo Grosso" e inicia a mais intensa operação militar na Faixa de Gaza, que ficou conhecida como o "Massacre de Gaza", desde a Guerra dos Seis Dias em 1967. A investida militar deixou o saldo de 1.383 pessoas mortas dentre elas 333 crianças e mais de 60 mil casas e edifícios foram destruídos. Do lado israelense morreram 10 soldados e 3 civis.


* 2009: (03 de janeiro) Nova ofensiva militar via terrestre. (17 de janeiro) o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert anuncia uma trégua unilateral até a posse do novo presidente dos USA, Barack Hussein Obama. (21 de janeiro) Um dia após a posse de Obama Israel retira as tropas militares da Faixa de Gaza. (15 de setembro) A Comissão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU apresentou seu relatório, concluindo que Israel "cometeu crimes de guerra e, possivelmente, contra a humanidade".


*2010: ( 31 de maio) Forças de Israel atacaram os barcos de uma frota turca que tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. O ataque resultou na morte de nove ativistas pró-palestinos e dezenas ficaram feridos.

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